
COSMOGÊNESE _ a fabulação primeira
Apesar dos novos modelos teóricos, o BIGBANG continua sendo fundamental para minha prática de atelier:
. A brutalidade matérica relativamente espontânea é submetida a procedimentos de aumento de complexidade (composição, sobreposições de técnicas e de materiais, especialização, organização, diferenciação, etc) com o objetivo de superar a entropia inerente a cada processo utilizado e na busca por desenvolvimento (evolutivo e/ou revolucionário) e maior autonomia:
. Energia/Plasma/Matéria diversificando e gerando criação … um retrato da passagem do tempo num recorte espaço/temporal dinâmico.
. Uma vez estabelecida essa base (sistêmica) surgem ontologias regionais e novas fabulações permitindo leituras críticas da realidade em diversos níveis e temáticas.
. Energia/Plasma/Matéria diversificando e gerando criação … um retrato da passagem do tempo num recorte espaço/temporal dinâmico.
. Uma vez estabelecida essa base (sistêmica) surgem ontologias regionais e novas fabulações permitindo leituras críticas da realidade em diversos níveis e temáticas.
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Na maioria das vezes minha motivação surge da própria prática de atelier com suas técnicas e materialidades diversas, literalmente meu “chão de fábrica” (expressão que ilustra bem a relação com o fazer e pensar artísticos que mais me motivam). Gosto da prática intensa e focada, mas um acaso/acidente, um erro repetido e sistematizado, um insight inusitado, uma nova técnica ou tecnologia, tudo o que aparece/acontece interessa e nessa dinâmica é fundamental manter-se atento. Uma vez instaurado algum processo busco me organizar de forma rizomática, aberto aos mais diversos devires e afetos e em cada ponto de contato verticalizo a pesquisa, mas agora em conexão mais ampla e profunda. É um momento de muita expansão criativa, muita coisa nova aparece da livre associação de repertório acumulado e saber filtrar e selecionar com coerência é um grande desafio. É quando há maior tensão entre demandas de natureza interna com as de natureza externa de cada processo e também é quando se configuram os paradoxos e contradições mais interessantes e que vão do conceito à expressão plástica adotada. Algumas vezes, observações críticas do cotidiano se encontram com objetos inusitados e aderem às pesquisas plásticas existentes gerando camadas narrativas de múltipla intensidade: como tema para alguma nova série, as vezes como insight para algum título e até mesmo como uma camada a mais na construção plástica e/ou simbólica do trabalho. Esta tem sido uma tendência que vem se fortalecendo e apontando para a necessidade de ampliação de escala, do pensamento tridimensional e de trabalhos de instalação. Com o aumento vertiginoso da distopia cotidiana a perplexidade se instaura e movimentos de reação, nem sempre coerentes, tem surgido de forma aleatória.
Em termos conceituais tenho maior interesse por estudos de natureza Ontológica _ Teoria do Conhecimento e também por estudos que aproximem Arte e Ciência _ Teoria Geral dos Sistemas, Pensamento Complexo, e mais recentemente estudos de Deleuze e Guattari + Spinoza, Bergson e Nietzsche. Arrisco dizer que gosto mais de pontos de vista generalistas e abrangentes e que me permitam o olhar de sobrevoo sobre alguma questão. Aprofundamentos teóricos em mergulhos radicais na maioria das vezes achatam minha sensibilidade do tipo “flor da pele” e diminuem muito meu fluxo de intuição. Sim, sei de sua importância, mas gosto de acessá-los de outras formas: em cada projeto sempre há questões intrínsecas e que devem ser aprofundadas individualmente, as vezes colam umas nas outras, em muitas vezes exigem alto grau de especificidade ... tudo a seu tempo, com calma e muito cuidado, atenção e sempre respeitando o tempo e os fluxos de cada processo criativo.